terça-feira, 16 de setembro de 2014

Extraordinário (R. J. Palacio)

Título: Extraordinário
Autora: R. J. Palacio
Título original: Wonder
Tradução: Rachel Agavino
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 320







Extraordinário não poderia ter título mais apropriado. É uma história linda e cativante, um misto de tristeza e de alegria. Acredito que o livro é mais voltado para o público juvenil, mas pode agradar as mais variadas idades. Só é preciso ter um cantinho imaculado no coração para se encantar por personagens tão fofos.

Deixando a enrolação de lado e partindo para o que interessa... O livro conta um pouco da vida de August (Auggie) Pullman, um garotinho de 10 anos que nasceu com uma mutação genética que provocou uma deformidade facial praticamente irreparável. Em alguns trechos o rosto de Auggie é descrito como se fosse uma queimadura profunda, como se o rosto estivesse derretendo. Falta até imaginação para criar tal imagem mental com fidelidade. Auggie é irmão de Olivia (Via) e seus pais se chamam Isabel e Nate. Até os 10 anos Auggie sempre estudou em casa, mas agora chegou o momento de ir estudar em uma escola. Nesse contexto o livro se desenvolve.

Acho que não preciso mencionar que a vida de Auggie não é fácil. Começar a vida escolar com a fisionomia dele é mais difícil ainda. Eu achei perfeito o fato do enredo trazer essa introdução à vida escolar, acho que esse ambiente permite que o leitor se conecte com os personagens, porque todos nós, em maior ou menor grau, algum dia já passamos pela brava jornada de sobreviver ao ensino fundamental e médio. Eu me vi no Auggie, nos colegas dele, na irmã... É um livro que ajudaria muitos jovens a compreenderem a dificuldade que é ser rejeitado só por ser diferente.

Outro ponto que achei positivo foi o fato do livro dar destaque também ao núcleo familiar. Ver a dinâmica familiar dos Pullman foi extremamente enriquecedor para a história, trouxe o toque de realidade para prender também os leitores mais velhos. Foi inteligente a abordagem da autora, que fez questão de destacar que a vida não é árdua apenas para quem tem alguma deficiência (que não é deficiência e sim, diferença), mas para toda a família também.

O livro tem uma construção estrutural bem dinâmica. Cada parte é narrada por um personagem, isso confere mais ritmo a narrativa e a possibilidade de inserção de diferentes perspectivas. Cada parte é escrita na forma de diário e com capítulos bem curtinhos, o que estimula muito mais a leitura e torna o livro impossível de ser largado. A mudança de personagem é facilmente identificada na diagramação, que muda a cor da página em cada transição. Eu gostei disso e tenho certeza que o público jovem também vai gostar.

Só teve uma coisinha que me desagradou profundamente... Na minha edição, logo na primeira página, veio um folheto publicitário da editora, que eu tentei arrancar a todo custo, mas não obtive êxito. Isso me deixa agoniada. Eu costumo gostar do trabalho da Intrínseca, mas acho que eles poderiam ter tido mais zelo na confecção. Não quero pagar por um livro e ter uma propaganda enorme estragando a obra. Anyway.

Por ser voltado para o público mais juvenil, o português é bem adequado ao grupo, ou seja, não espere encontrar uma obra com um elevado grau de erudição e rebuscamento. É obra para educar não pela linguagem apenas, mas pelo conteúdo, pela mensagem. Foi um bom aprendizado para mim. É um livro que eu quero guardar para o futuro, para ler para meus futuros filhos, para podermos chorar juntos pelo gosto agridoce que a vida tem, mas que mesmo assim tem uma doçura guardada para nos surpreender. Chorei sim. Choraria de novo. E continuo querendo chorar um pouco mais.




Recentemente a editora relançou o livro em uma capa azul. E aí, branca ou azul?




Se você chegou até aqui, então um grande abraço.

Volte sempre!

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