quinta-feira, 22 de maio de 2014

Minha decisão de não deixar mais livros abandonados

Desde criancinha eu gosto de ler. Nem sei quando o gosto pela leitura começou a ser despertado em mim. Talvez tenha sido no colégio, nos clubes de leituras, nos trabalhos de português e inglês, não sei em que exato momento me dei conta de que ler me deixava feliz. A verdade é que não consigo lembrar de mim sem gostar de ler, embora tenha deixado esse prazer adormecido durante um tempo, porque em certos momentos li muito pouco.

Quando era criança não tinha uma grande variedade de livros. Tinha muitos para uma criança, mas não tanto assim. Talvez pelo fato de já ter desejado muitas coisas... "Quero ser cantora", "Quando crescer vou ser jornalista", "Já pensou como seria legal escrever um livro?" e nunca ter levado nada em frente, talvez por isso, tenha recebido alguns nãos. Esses nãos também foram para os livros que eu queria ter (todos os livros do mundo).

Tive sorte de ter pais que gostam de ler. Hoje não vejo mais meu pai lendo, mas compartilho com minha mãe a necessidade de ter um livrinho por perto. Ela sempre acompanha meu blog. Ouso dizer que é minha maior fã, mesmo aqui não sendo nada grandioso. Ela, mais do que ninguém, sabe que sempre sonhei em possuir uma grande biblioteca pessoal.

Cultivei o sonho de encher um quarto com livros desde pequena. Quando cresci e comecei a reunir uma economia modesta, pus em prática meu sonho. Casei e meu marido mergulhou no sonho junto comigo. Hoje ele me ajuda a trazer para casa aquele pedacinho de arte que faz meus olhos brilharem.

Ao longo dessa jornada pela "coleção de livros perfeita" me deparei com as perguntas: "E aí, quantos desses livros você já leu?", "Por que tem tantos não lidos?", "Não acha melhor investir teu dinheiro em outra coisa?". Perguntas que bem lá no fundo vêm revestidas de um certo tom de julgamento. Eu nitidamente tenho mais livros do que sou capaz de ler. Até certo tempo atrás isso não era um problema. Não me pesava na consciência não ter lido todos os meus livros, pelo contrário, achava fantástico saber que quando uma leitura terminasse, eu teria muitos outros livros para ler. Isso me tranquilizava.

Eis que atualmente me deparo com uma pontada de culpa. Uma pontada não, uma punhalada. Toda vez que olho minha estante com um livro sem ler, intimamente me envergonho. Sinto que estou traindo a causa e dou razão ao tom de julgamento. Por isso resolvi estabelecer um período de abstinência literária, ou seja, durante seis meses não compro livro, a exceção só é permitida para os livros da minha lista de querências. Posso dizer que estou muito bem nesse desafio. Já estou a cinco meses sem comprar livros e penso em aumentar o prazo.

Por que tomei essa decisão? Porque realmente tenho muitos livros encalhados, perdi até a vontade de ler alguns, mas realmente quero conhecer mais sobre meu gosto, sobre minhas escolhas e só a leitura vai me permitir isso. Tão gostoso quanto comprar um livro novo é ler.

O outro motivo de querer ler ABSOLUTAMENTE TUDO que tenho é por uma questão logística: moro em um apartamento pequeno (que aos meus olhos parece o Palácio de Buckingham) e, com uma dose bem grande de desapontamento, percebi que não posso comprar mais livros porque simplesmente não tenho mais onde guardá-los. Então, para continuar fazendo o que tanto gosto (ler), vou ter que reconfigurar meu sonho, de um quarto repleto de livros para uma modesta estante de quatro nichos. Por isso vou ter que exercitar meu lado desapegado (só que não) e inevitavelmente me desfazer de alguma coisa. Vai chegar o momento em que só poderei ter o que gosto muito e para saber o que gosto, tenho que ler tudo. Talvez assim eu consiga deixar algum dos meus "amigos" ir embora sem que doa em meu coração.

E vocês, já tomaram alguma decisão parecida? Deixem aqui nos comentários.

E a todos que chegaram até aqui, aquele abraço.

Beijos,
Mariucha

;)

2 comentários:

  1. De fato sou sua fã, acompanho seu blog ou seja tudo o que você faz. Como você compartilho o hábito da leitura, hábito adquirido desde minha primeira
    infância até o presente.
    Já tive o hábito de comprar vários livros e reler todos e não deixar ninguém pegar para ler, mas com a maturidade apreendi não ter apego aos livros, só compro os necessários para leitura diária e talvez por necessidade de treinar o desapego, me desfiz de todos os livros.
    Foi um processo doloroso, até hoje, sinto uma dor imensa, porém foi necessário este treino.
    Ter muitos livros, assim como outra coisas, simboliza uma recompensa por algo que falta dentro da gente.
    Adoro ler, este hábito, me enche de prazer, gosto de mergulhar no seu universo, porém, sem apego, sem quantidade, pois tudo isto me tira o prazer
    de uma bela leitura.
    Sou tua fã e tenho o maior orgulho de ser sua mãe. Admiro você muito.....beijos...

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  2. Achei bem interessante essa colocação: "Ter muitos livros, assim como outra coisas, simboliza uma recompensa por algo que falta dentro da gente.". Nunca tinha parado para pensar nisso, faz sentido, talvez seja isso mesmo, sei que pode ser uma carência, mas ainda está faltando amadurecimento da minha parte para gostar e deixar livre.
    Beijos coroquinha ♥

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